eu só quero dizer que dói. não sei muito bem onde, mas dói. aliás, saber até sei. dói o coração, o peito, a angústia, a crise de ansiedade, o medo. dói tudo e dói forte. o problema está em saber por quê. não sei. sinto coisas novas e isso dói também. não quero sentir. sou criança impaciente, não gosto de sentir essas coisas novas e quero que passe logo. porque acho… acho que já senti demais. e eu, honestamente, estou cansada de sentir. já vi o mundo desabando na minha frente em sonhos, em sentimentos, em sensações. e isso é demais. dói demais. eu cansei da dor. mas não sei ainda se cansei do amor. não quero cansar. mas dói. é pra doer? é pra ser complicado? eu não quero sentir. o meu 8 está agora em 80 e eu só quero que pare. tudo pare. não quero morrer, mas quero parar.
me sinto ridícula, com essas dores. com medo de uma possível rejeição — novamente. esses malditos fantasmas. eu quero jogar tudo pro alto e gritar “foda-se” com todas as minhas forças, quero sair correndo descalça e sentir as pedras do asfalto, os estilhaços de vidro e toda sorte de concreto que se encontra na rua. quero que doa. meus pés, machucados; os pulmões, sem força para conseguir o ar. quero sentir a dor física e tentar esquecer um pouco dessa que me acomete tão subjetivamente.
me sinto podre, fétida. as palavras que saem de mim não são minhas ou, se são, saem sem coesão ou coerência. escolho a dedo e ainda assim não funciona. nada funciona. nem correr, nem chorar. eu só queria dormir. e não sonhar.
estou poluída demais para amar.